sexta-feira, 17 de setembro de 2010

        Benefícios resultantes da tecnologia médica
        Os benefícios resultantes da tecnologia médica são patentes.
        Os modernos recursos tecnológicos de diagnóstico vieram proporcionar ao médico todos os meios necessários para um diagnóstico preciso, tanto do ponto de vista topográfico como etiológico e, o que é mais importante, mais precoce, com evidente benefício para os pacientes, como ocorre no caso das neoplasias.
        Trouxeram maior segurança ao médico e o apoio necessário para tomada de decisões importantes no tocante à conduta e ao tratamento, seja nos casos de urgência, seja nas doenças crônicas.
        Aboliram praticamente as laparotomias exploradoras e as chamadas terapêuticas de prova.
        Ampliaram e diversificaram os métodos terapêuticos e os procedimentos cirúrgicos.
        Possibilitaram ainda a documentação dos casos em todos os seus aspectos, permitindo maior intercâmbio de experiências e difusão de conhecimentos.
        Poderíamos dizer que a tecnologia médica mudou a face da medicina.
        Era de se esperar que todo esse notável progresso trouxesse maior aproximação entre o médico e o paciente, mas ocorreu exatamente o oposto.
        Houve uma deterioração da relação médico-paciente. O médico ganhou em eficiência, em capacitação profissional, em recursos diagnósticos e terapêuticos, mas perdeu em prestígio. Por que esse paradoxo?

consequencias negativas !

Conseqüências negativas

        As principais conseqüências negativas foram a negligência com o exame clínico, a sedução dos aparelhos e a falsa segurança, a elevação dos custos da assistência médica. pelo uso excessivo de exames como autoproteção do médico e a fragmentação e o reducionismo da prática médica.
 
        a) Negligência com o exame clínico
        A negligência com o exame clínico decorre de dois fatores: a pressa com que o paciente é atendido no modelo atual de assistência médica e a crença de que os recursos da tecnologia médica suprirão essa negligência.
        A medicina se tornou mais técnica e menos humana. O médico, de modo geral, passou a se preocupar mais com imagens e constituintes biológicos do que com o paciente como ser humano; passou a dar menor atenção às queixas do paciente e a examiná-lo mais apressadamente.
        Afinal, para que ouvir os pulmões, se a radiografia do tórax dá muito mais informações? Por que dar atenção às características da dor epigástrica se a videoendoscopia pode filmar e fotografar o interior do estômago? Para que examinar o abdome com manobras palpatórias se o ultra-som pode documentar uma provável esplenomegalia? E assim por diante.
        Houve uma deterioração da relação médico-paciente. Aos fatores decorrentes dos sistemas de seguro-saúde, como a intermediação dos serviços médicos, a regulamentação burocrática e o atendimento despersonalizado, veio somar-se a negligencia com o exame clínico.
        Harrison salientou com muito senso de humor, que a tendência atual é o doente ser examinado pelo médico durante 5 minutos e passar 5 dias submetendo-se a exames e testes os mais diversos, na esperança de que o diagnóstico saia do Laboratório como o coelho sai da cartola de um mágico.
        Neste tipo de medicina deixa de haver o ato médico do exame clínico que, segundo o Prof. Mário Rigatto, é o momento ideal de conquista do paciente, de estabelecimento da empatia e da confiança tão necessárias ao exercício da medicina.
        O paciente reage com desconfiança e hostilidade e passa a exigir mais de seu médico em resultados. Afinal, não tem ele, à sua disposição tantos recursos técnicos? O diálogo entre ambos perdeu aquele sentido a que Balint chamou de "colóquio singular" e tornou-se inquisitivo de lado a lado.
        Nesse contexto, os pacientes ditos funcionais são os que mais padecem. São enviados a múltiplos exames e testes, que não esclarecem a sua doença, porém revelam, muitas vezes, achados de somenos importância, tais como pequenos cistos ovarianos, renais ou hepáticos, um colo irritável, ou uma taxa de colesterol ligeiramente elevada, achados estes que passam a constituir substrato imaginário para novas somatizações.
         
        b) A sedução dos aparelhos e a falsa segurança
        Outra conseqüência do avanço da tecnologia médica é a que ousamos chamar de a sedução dos aparelhos e a falsa segurança.
        Tanto os médicos como os pacientes foram seduzidos pelas máquinas, pelos gráficos e pelos números, que dão a aparência de exatidão, substituindo a medicina qualitativa pela quantitativa.
        Muitos pacientes são fascinados pelos recursos tecnológicos da medicina, que despertam neles os mesmos sentimentos que despertavam em seus antepassados os poderes mágicos da medicina primitiva. Contribui para isso a divulgação sensacionalista dos meios de comunicação, em especial da televisão, criando a falsa impressão de onisciência e onipotência da medicina atual. "Dr., o Sr. viu o último programa do Fantástico?" Essa é uma pergunta freqüente hoje em dia nos consultórios médicos.
        Este fato trouxe conseqüências danosas aos médicos, quase sempre acusados de erro médico quando os resultados não correspondem às expectativas otimistas dos pacientes ou de seus familiares.
        Por outro lado, o médico, sentindo-se inseguro, passou a basear seu julgamento e sua conduta nos resultados de exames, muitas vezes aceitos passivamente, sem a preocupação de correlacioná-los com os achados clínicos.
        É necessário lembrar que todo exame tem suas limitações e suas falhas ligadas à técnica, ao equipamento e ao observador
        Existe a idéia errônea de que os métodos tecnológicos são estritamente objetivos, desprovidos de conteúdo subjetivo, como ocorre com o exame clínico.
        A tecnologia não afasta o componente subjetivo a que estão sujeitos os relatórios e laudos dos exames por imagens, com a agravante de que o especialista ou o técnico que realiza o exame não se acha comprometido com a condução do caso e desconhece, na maioria das vezes, a história clínica e os achados do exame físico, que deixam de ser fornecidos pelo médico assistente.
        Também em relação aos exames de laboratório, estudos realizados sobre a exatidão e reprodutibilidade dos mesmos demonstraram resultados discordantes em proporção acima dos limites de probabilidade de erro admissíveis para cada exame. As causas principais foram atribuídas à deficiente qualificação técnica do pessoal auxiliar, que executa os exames; má qualidade dos reagentes empregados; defeito nos equipamentos; erros de rotulagem e manuseio do material, e falta de controle e supervisão. Nem mesmo a automação é uma segurança de exatidão, pois depende da qualidade dos kits empregados e da calibração dos aparelhos.
        
        c) Medicina defensiva como autoproteção do médico
        Outra conseqüência negativa é a que se convencionou chamar de medicina defensiva. O médico passou a solicitar um maior número de exames complementares para bem documentar-se e assim se proteger de possíveis acusações de negligência ou omissão em caso de insucesso.
        Isto pode ser exemplificado pelo uso rotineiro de radiografias em casos de fraturas de membros, muitas das quais poderiam ser corretamente diagnosticadas e tratadas sem o auxílio da radiologia.
        Do mesmo modo tornou-se rotina o uso da tomografia computadorizada ou da ressonância magnética em casos de traumatismo de crânio, por menor que seja, independentemente de sua natureza ou da sintomatologia. Em um hospital do EE.UU. verificou-se que apenas um em 16 casos havia justificativa para o exame.
        Um inquérito realizado pelo Colégio Americano de Cirurgiões entre 16.000 de seus membros, revelava que cerca de metade dos exames solicitados eram reconhecidamente dispensáveis, porém foram feitos como autoproteção do médico contra possíveis processos de malpractice.
        Muitos pacientes, especialmente aqueles que têm seguro-saúde ou algum tipo de convênio e que não participam diretamente das despesas, sugerem ao médico a realização de um número excessivo de exames sem uma indicação precisa. A fim de se proteger contra possíveis acusações de erro médico por omissão ou negligência, o médico atende às solicitações do paciente.
        Esta conduta cautelar, que já existe há algum tempo nos países do primeiro mundo, só agora está se tornando frequente no Brasil.
        Todas estas práticas elevam consideravelmente os custos da assistência médica.
        
        d) Elevação dos custos da assistência médica
        As despesas decorrentes da utilização abusiva da tecnologia médica vem acarretando uma contínua elevação  dos custos da assistência médica, acima do poder aquisitivo da maioria das pessoas e dos recursos alocados à saúde pelo Estado.
        Os planos de seguro-saúde tendem a cobrar mensalidades elevadas ou estabelecer cláusulas de restrição ao atendimento, o que gera conflitos como estamos presenciando atualmente. Os hospitais públicos, por sua vez, não conseguem acompanhar a crescente demanda e a evolução dos gastos.
        Muitos hospitais e clínicas adotam a prática de realizar em todos os pacientes, independentemente dos sintomas, um certo número de exames, chamados de exames de rotina. O número desses exames varia, em média, de 6 a 18. A automação dos laboratórios de patologia clínica veio incrementar ainda mais o número de tais exames.
        Em um hospital da California, nos EE.UU., Kaplan constatou que em 6.200 análises químicas realizadas em pacientes que iam submeter-se a intervenções cirúrgicas eletivas, 60% eram desnecessárias.
        A endoscopia digestiva alta tem sido indicada em praticamente todo paciente dispéptico e o número de exames normais cresce a cada dia, o que denota uma conduta sem nenhum critério clínico para indicação deste tipo de exame.
        Existe, ainda, a tendência de utilizar recursos tecnológicos mais dispendiosos, em lugar dos mais simples, quando o médico não está orientado sobre qual o exame mais apropriado a cada caso, sobretudo em relação ao diagnóstico por imagem.
        A questão é tão preocupante que a Organização Mundial de Saúde editou, em 1990, um manual intitulado: Escolha apropriada de técnicas de diagnóstico por imagem na prática médica. Na introdução desta publicação lê-se o seguinte trecho: "Submeter o paciente a toda uma série de exames e esperar que pelo menos um deles permita fazer o diagnóstico é uma forma inaceitável de exercer a medicina por causa do custo e do risco de exposição a radiações que acarretam exames desnecessários".
        
        e) Fragmentação e reducionismo da prática médica
        Com o avanço da tecnologia médica, aumentou de tal maneira a complexidade da medicina, que se tornou necessária a especialização em áreas cada vez mais restritas de atuação médica.
        A sociedade, de modo geral, a mídia e as Instituições públicas e privadas passaram a supervalorizar o especialista em detrimento do médico geral, seja ele clínico ou cirurgião.
        A especialização precoce, sem aquisição de uma base mais ampla de cultura médica, por sua vez, passou a produzir um tipo de médico que se comporta no exercício da profissão como verdadeiro técnico confinado em seu campo de trabalho, sem a capacidade de integração dos conhecimentos e de percepção do quadro clínico do paciente em sua totalidade e abrangência.
        Já dizia o grande mestre espanhol Jimenez Diaz que o bom especialista é aquele que é capaz de reconhecer os casos que não são de sua área.
        A especialização precoce tem sido um mecanismo de escape no sentido de assegurar um lugar no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, e de garantir a sobrevivência econômica do médico e sua família.
        O número de especialidades médicas tem aumentado a cada ano. A Comissão Mista de Especialidades formada por representantes da Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Comissão Nacional de Residência Médica, depois de demorados estudos, elaborou um convênio que foi subscrito pelas três entidades, em 11/04/2002, reconhecendo oficialmente 50 especialidades e 64 áreas de atuação. A área de atuação pode estar ou não vinculada a uma especialidade. Em um novo convênio celebrado em 15/07/2008, o número de especialidades foi elevado para 53 e o de áreas de atuação reduzido a 54, conforme Resolução CFM 1.845/2008.
        Essa fragmentação excessiva da medicina em especialidades e subespecialidades deixou um vazio a ser preenchido, que é o do médico de família, capaz de resolver, ele mesmo, a maior parte das ocorrências e de encaminhar o paciente, quando necessário, a um serviço especializado. Atualmente, o paciente sente-se desorientado e deve decidir, por si mesmo, que especialista procurar em busca de um diagnóstico.
        A necessidade do clínico geral tornou-se patente e voltou a ser sentida pela sociedade.
        Há uma política atual por parte do Ministério da Saúde no sentido de incentivar a formação de clínicos gerais para atuarem como médicos de família.
        Comete-se, entretanto, o erro conceitual primário de considerar como clínico geral o médico recém-egresso de nossas Faculdades, sem treinamento em nível de pós-graduação. Os cursos de graduação não proporcionam a terminalidade exigida e o recém-formado não tem condições nem conhecimentos suficientes para o desempenho que se espera de um médico de família.
        Enquanto perdurar a distorção de se considerar o clínico geral como um pária da medicina, que não conseguiu ascender a posições mais elevadas na hierarquia profissional, haverá uma fuga constante para as especialidades, que gozam de maior prestígio, são melhor remuneradas e exigem menor conhecimento da medicina como um todo.
        No atual estádio de desenvolvimento da medicina, a única solução, a nosso ver, é a de conferir à Clínica Médica o mesmo status das demais especialidades, após treinamento em nível de pós-graduação em residência própria.
        Em contrapartida, o clínico geral ou médico de família deverá ser visto como um médico de maior cultura geral, com uma visão ampla da medicina e que se especializou em Clínica Médica por opção. Seu trabalho deve ser reconhecido como de importância fundamental na organização de qualquer sistema de saúde. O principal aparelho de que irá dispor para o exercício da medicina é a sua inteligência e a sua competência e por isso deverá ser bem remunerado.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

texto informativo

A medicina é uma das áreas do conhecimento humano ligada à manutenção e restauração da saúde. Ela trabalha, num sentido amplo, com a prevenção e cura das doenças humanas num contexto médico.

Com a globalização aliada aos avanços da informática, a Medicina está vivendo um período de mudanças radicais. Avanços tecnológicos constantes, novos materiais, medicamentos e exames proporcionam tratamentos eficientes, obtendo prevenção ou cura de doenças antes consideradas irremediáveis.

Com relação à Medicina moderna, é certo que os avanços tecnológicos trouxeram benefícios irrefutáveis no diagnóstico e tratamento das doenças. Sem desconsiderar estas vantagens, é necessário, no entanto, evitar o deslumbramento ingênuo de alguns profissionais pela utilização de sofisticados exames, acreditando que o seu emprego produza uma Medicina à prova de erros. Sem dúvida, o médico atual domina técnicas de precisão e tem a sua disposição equipamentos sofisticados. Por outro lado, parece faltar-lhe uma correspondente capacidade na compreensão do doente como pessoa.

Tratar o doente é mais do que conhecer o doente. Embora o avanço tecnológico deva ser utilizado, as máquinas jamais poderão aquilatar e compreender o sofrimento do paciente, tampouco sanar os seus temores.

Com o crescimento da tecnologia, a videoconferência está invadindo a medicina e, de forma benéfica, está criando uma forma de auxiliar os médicos. Por exemplo, tendo algum problema na resolução de algum caso de um paciente, pode-se transpor os exames e relatórios em uma videoconferência, fazendo então uma junta médica sobre o caso em questão, podendo haver uma solução com maior rapidez e segurança.Podemos também transmitir uma cirurgia por meio de videoconferência, pois caso não tenha um médico especializado no local, outros médicos poderão auxiliar na cirurgia dando pareceres técnicos. Algumas vezes, ouvimos nos noticiários sobre casos de pacientes que chegaram ao óbito devido à ausência de um especialista que pudesse operá-lo com urgência naquele momento, a videoconferência poderia ajudar nessa situação.

Avanços tecnológicos na Medicina:

Ressonância magnética, tomografia, cirurgias robóticas, lentes de contato, lentes intra-oculares, implantes dentários, marca-passo, implante de válvulas cardíacas, stents, membros mecânicos, microcirurgias, quimioterapias com drogas novas e avançadas, radioterapia, implantes auditivos, transplantes de medula óssea, e etc.